“ESTENDE A TUA MÃO AO POBRE,
PARA QUE A TUA PROPICIAÇÃO E
TUA BÊNÇÃO SEJAM PERFEITAS” (Eclo 7,36)
Verdadeira a palavra de Nosso
Senhor Jesus Cristo: “Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o
bem quando quiserdes. Mas a mim não tereis sempre”(Mc 14,7). Encontramos no
mundo uma profusão incontável de empobrecidos, em todos os lugares e de todos
os tipos. A complexificação do mundo gera uma complexidade de pessoas
empobrecidas. Ninguém é naturalmente pobre, mas somos empobrecidos
historicamente, somos frutos da sociedade que criamos e alimentamos.
Em outra ocasião, Nosso Senhor
Jesus Cristo afirma: “Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com
sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente e cuidastes
de mim; na prisão, e fostes visitar-me. (...) Em verdade, vos digo: todas as
vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a
mim que o fizestes!” (Mt 35-36.40). Estender a mão ao pobre, de qualquer tipo,
é estender a mão a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos ambientes acadêmicos, a
pobreza é objeto de estudo, nas suas causas e consequências, mas a universidade
está longe dos empobrecidos e é inacessível a eles. Os governos, em todas as
esferas, encaram o empobrecido como um problema, desenvolvem ações sociais para
atende-lo, possuímos até secretarias de ação social, mas não surtem os efeitos
necessários. Há uma globalização da pobreza, mas ninguém quer os empobrecidos,
que são obrigados a migrações internas e externas. Há mais narrativas sobre os
empobrecidos do que oportunidades concretas para emergirem da pobreza.
A pobreza pode ser um problema,
de natureza econômica e social, fruto de históricas exclusões e marginalizações, de múltiplas
matizes, mas o empobrecido é uma pessoa, única, singular, irrepetível. Se para
as narrativas o tempo pode passar devagar, para os empobrecidos há uma
urgência, imediata, que determina o viver e o morrer. O empobrecido, nas suas
necessidades básicas, não pode esperar, para ele só existe o hoje, mais do que
isso, o agora. O descuido com o empobrecido, fruto da indiferença, do
escondimento e negação social, alimenta o grupo dos miseráveis, que são
desfigurados e despojados, como se perdessem a humanidade, o que não é
possível, pois são sempre pessoas.
Estamos em período eleitoral,
municipal, onde a “vida” acontece mais próxima a nós. Seria bom verificar onde
estão os empobrecidos e miseráveis nos programas de governo de cada candidato
ao executivo, e nas propostas para o legislativo, em cada aspirante às câmaras
municipais. Se fazemos isso, estamos advogando a causa mesma de Nosso Senhor
Jesus Cristo. E seria um ótimo meio de viver o IV Dia Mundial do Empobrecido,
conclamado pelo Papa Francisco, para o dia 15 de novembro deste ano de 2020.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto, SP