Na vida, não poucas vezes, nos
encontramos envoltos por fortes neblinas que obscurecem a visão à distância. No
momento presente, a incerteza gera insegurança, que se faz nossa companheira. A
vida é tecida de muitas incertezas e poucas certezas, menos segurança que
insegurança; isso ocorre até mesmo no que é denominado de “ciência”, e a vida
de fé também não foge a esta “regra”.
Não podemos e não devemos viver
estagnados, mesmo quando somos tomados pela incerteza e insegurança, pois elas
são constitutivas da nossa vida, variando de intensidade em cada ocasião. A
estagnação pode nos conduzir à putrefação, fruto da perda de sentido e da razão
de viver. A ação permanente, “vagarosa” que seja, descortina novas razões e
constrói novas sendas.
O que vivemos não é o fim, nem o
começo; é apenas o caminho a ser percorrido, do modo possível, que seja
expressão de cuidado com o outro e consigo mesmo. Quando se fecha uma porta,
alguma janela permanecerá aberta, por ela a luz entrará. Quando não há estrada
pronta, ainda assim, caminhar é preciso, para criar novas trilhas que um dia
tornar-se-ão caminhos seguros.
Na atual conjuntura, o Salmo 90(91)
nos ajuda a rezar expressando nossa confiança em Deus diante dos temores atuais.
Vejamos alguns versículos: “Não temerás terror algum durante a noite, nem a
flecha disparada em pleno dia; nem a peste que caminha pelo escuro, nem a
desgraça que devasta ao meio-dia.”(...) “Nenhum mal há de chegar perto de ti,
nem a desgraça baterá à tua porta; pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos
para em todos os caminhos te guardarem.” (...) “Porque a mim se confiou, hei de
livrá-lo e protegê-lo, pois meu nome ele conhece. Ao invocar-me hei de ouvi-lo
e atendê-lo, e a seu lado eu estarei em suas dores. Hei de livrá-lo e de glória
coroá-lo, vou conceder-lhe vida longa e dias plenos, e vou mostrar-lhe minha
graça e salvação” (Sl 90(91), 5-6.10-11.14-15).
Precisamos seguir adiante, ainda
que a passos curtos; não há uma tecla “play” verde, que, acionada, colocará
tudo nos trilhos como num piscar d’olhos. Caminhar juntos, iluminados pela fé
em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bom Pastor; pela caridade, derramada em nossos
corações pelo Divino Espírito Santo e com a esperança colocada na misericórdia
e bondade de Deus Pai. Nas trilhas a serem desbravadas, não nos faltará a terna
e materna proteção do Imaculado Coração da Bem-Aventurada Virgem Maria.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto, SP