A Diocese de São José do Rio
Preto constrói o seu oitavo Plano Diocesano de Pastoral, à luz das Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023. É um processo de
revisão, de escuta e de prospecção, realizado sob a iluminação do Divino
Espírito Santo e em unidade com a Igreja presente no Brasil.
A imagem da casa, como lar,
coloca diante dos nossos olhos a questão do amor, da paternidade e maternidade,
e da fraternidade. A casa é a residência do amor, onde sendo amados, aprendemos
a amar. É o espaço do aprendizado, proteção, segurança e encorajamento.
A Igreja é também compreendida
como casa, construção de Deus: “Nós somos cooperadores de Deus; e vós lavoura
de Deus; construção de Deus” (1Cor 3,9). De certa forma, a casa de Deus é a
Igreja, nós, o seu povo: “Quero que saibas como proceder na casa de Deus, que é
a Igreja de Deus vivo, coluna e fundamento da verdade”(1Tm 3, 15). A Igreja
como casa é espaço do encontro, lugar da ternura, da família, chamada a estar de
portas sempre abertas.
A Igreja como casa se estrutura
sobre quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Missão. Eles são imprescindíveis
para que a Igreja seja sustentável. Se falta um, ou mais pilares, ocorre o
desequilíbrio interno e compromete a sua presença e ação no mundo.
“A Palavra de Deus é viva,
eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir
alma e espírito, articulações e medulas. Julga os pensamentos e as intenções do
coração” (Hb 4, 12-13). A Igreja nasce e
vive da Palavra e para a Palavra. Não é uma palavra qualquer, ou uma palavra
entre outras, mas a Palavra de Deus. Deus que fala pela natureza, pela
história, pelos sinais dos tempos, pela tradição e pela Sagrada Escritura.
“Tal como a chuva e a neve
descem do céu e para lá não voltam antes de irrigar a terra, tornando-a fecunda
e fazendo-a germinar, produzindo semente para quem semeia e pão para quem come,
assim acontece com a minha palavra, que sai da minha boca: não voltará para mim
vazia, mas fará tudo aquilo que decidi, realizando a missão para a qual a
enviei”( Is 55, 10-11). Como extensão à acolhida da Palavra de Deus nos
sacramentos e sacramentais, a Leitura Orante da Bíblia e os encontros bíblicos
da Rede de Comunidades são instrumentos importantes que ajudam na escuta e
discernimento da Vontade de Deus.
“Senhor, ensina-nos a orar” (Lc
11,1). A Igreja nasce, vive e se desenvolve em torno do Pão, isto é, dos
sacramentos, dos sacramentais, dos atos de piedade e da piedade popular, da
vida de oração que brota da vida e da Palavra de Deus. Não basta celebrar os
sacramentos e sacramentais, é preciso rezá-los. Não existe Igreja sem os
sacramentos, pois eles são os canais ordinários, através dos quais a graça
salvadora e santificadora de Deus, em Nosso Senhor Jesus Cristo, chega até nós.
É preciso construir constantemente a dimensão orante da Igreja: “É preciso
superar a ideia de que o agir já é uma forma de oração. Quando confundimos agir
com rezar, chegamos a abreviar ou dispensar os tempos de oração e de
contemplação” (DGAEIB 97). O grande mestre da oração, nunca esqueçamos, é o
Divino Espírito Santo, sem Ele não rezamos bem, como devemos fazer para que ela
seja agradável ao Pai (cf Gl 4,6).
A caridade pastoral no Povo de
Deus é visualização do amor misericordioso de Deus. Ela dá consistência à nossa
vida de fé, torna-a consolidada, legitima-a e confere-lhe autenticidade. A
sociedade está repleta de empobrecidos física, psíquica e espiritualmente. Eles
se encontram em todos os lugares. É preciso encontrá-los, vê-los, senti-los,
estar com eles e dispensar-lhes o amor de Deus, no modo e na intensidade que
precisam deste divino amor. O empobrecimento, fruto da injustiça e da falta de
solidariedade, vai construindo novos areópagos, repletos de carentes de todo
tipo, que clamam para serem vistos, ouvidos e ajudados no amor. “Eu vos dou um
novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, assim também
vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisso conhecerão todos que sois meus
discípulos se tiverdes amor uns para com os outros”(Jo 13, 34-35).
“Ide pelo mundo inteiro e
proclamai o Evangelho a toda a criatura! ” (Mc 16, 15). A missionariedade é
inerente à vida de fé. “Deus é missão: a missão vem de Deus porque Deus é amor,
diz respeito ao que Deus é e não, primeiramente, ao que Deus faz”(Guia do Mês
Missionário Extraordinário – 2). Da missionariedade de Deus, nasce a missão da
Igreja e as missões dos fiéis. A vivência da Palavra e a vida sacramental são
nascedouro da missão e, ao mesmo tempo, alimentam e sustentam as missões.
Um Plano Diocesano de Pastoral
aponta objetivo e caminhos para alcança-lo. É um elemento que pode assegurar a
unidade pastoral da Igreja Particular. Ele é elaborado na comunhão com a Igreja
presente no Brasil, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da
Igreja no Brasil, fruto do trabalho da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, que é reelaborada a cada quatro anos.
À luz do Plano Diocesano de
Pastoral, cada Paróquia é convidada a elaborar a sua programação anual. Ele
também é referência para as pastorais, movimentos, associações religiosas e
novas comunidades. Ninguém, e nenhum organismo eclesial pode subtrair-se de
colocar-se dentro do contexto do Plano Diocesano de Pastoral.
Que o Imaculado Coração da Bem
Aventurada Virgem Maria nos ajude na fidelidade amorosa, e a um amor fiel, a
seu filho e nosso irmão Nosso Senhor Jesus Cristo. Que São José de Botas,
padroeiro de nossa Catedral, nos inspire a calçarmos os tênis e os bonés da
missão e das missões.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP
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