A eleição se constitui
num instrumento peculiar dos países democráticos usado para a escolha dos
governantes, do executivo e legislativo, nos diversos âmbitos: municipal,
estadual e federal. É um meio através do qual o cidadão participa efetivamente da
construção do seu país. No Brasil, o voto é obrigatório, mas cresce a cada ano o
número de pessoas que não se apresentam para votar e a quantidade de votos
brancos e nulos é cada vez maior.
Sou pessoalmente favorável à
liberdade do cidadão escolher votar ou não. O voto livre, não obrigatório, pode
contribuir para escolhas mais conscientes e responsáveis, livres do comércio e
de escolhas aleatórias ou determinadas pela propaganda massiva veiculada através
dos meios de comunicação.
Mas na atual circunstância, não
votar, votar em branco ou anular o voto, mesmo que seja sinal de protesto e
discordância diante dos atuais governantes e legisladores, não fará bem ao
Brasil. Diante desta necessidade e obrigatoriedade do voto, sugiro alguns
pontos de reflexão para os fiéis Católicos Apostólicos Romanos da Diocese de
São José do Rio Preto:
1.
Procure conhecer os partidos políticos, mesmo
sendo muitos e sem consistência ideológica. Não há partido sem ideologia e nem
toda ideologia é compatível com a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Mesmo
frágeis, os partidos políticos são mediações necessárias na realidade política
brasileira. Procure inteirar-se sobre a origem e a história dos partidos
políticos. Verifique o programa de cada partido, sobretudo o que diz sobre
questões éticas e importantes para o País. Veja se os ideais propostos não
contrariam os princípios do Evangelho, tal como são compreendidos e propostos pela
fé cristã guardada e transmitida pela Igreja Católica Apostólica Romana.
2.
Analise a vida do candidato: como ele vive em
família? De onde ele retira o seu honesto sustento? Qual a origem do seu
patrimônio? Seus bens são compatíveis com a sua trajetória familiar e
profissional? Que serviços ele já prestou à sociedade onde se encontra? A sua
história é marcada pela coerência? Ele é um bom esposo/esposa? Um bom pai/mãe? Ele
responde por alguma ação na justiça?
3.
Procure saber dos vínculos do candidato
com o partido no qual ele se encontra inscrito: Ele é fiel a seu partido há
bastante tempo? Há uma coerência entre as suas propostas e o que se encontra no
programa de seu partido? Suas “promessas” são viáveis? Elas podem ser
executadas em um plano de ação de curto, médio e longo prazo?
4.
O partido do candidato defende a vida desde
o seu inicio, no útero materno, até o seu fim natural? É contra o aborto e a
eutanásia? Ele defende a liberdade religiosa e a ação social e caritativa das
Igrejas? Ele respeita e defende a família, tal como é proposta por Nosso Senhor
Jesus Cristo nos evangelhos?
5.
O seu candidato se coloca contrário às
manipulações da pessoa e da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa
Senhora e dos santos? Ele tem se colocado favorável às causas humanitárias e de
caridade propostas pela Igreja Católica Apostólica Romana? Ele é um fiel que
participa efetivamente da Igreja? Ele defende publicamente a Igreja ou se
envergonha dela?
6.
Que interesses são defendidos pelo partido
de seu candidato? As ideias do partido podem ser executadas em um plano viável
de ação? Seu candidato defende interesses de um grupo ou da sociedade? Quem
financia o partido e o candidato? O partido e o candidato não estão envolvidos
em corrupção? O candidato não usa do bem publico para beneficio privado?
7.
O candidato é de sua cidade ou região? Ele
é uma pessoa acessível? Você já teve oportunidade de dialogar com ele? Ele já
esteve em seu bairro? Já se reuniu com sua comunidade? Ele é sensível às
questões sociais de sua região e ajuda a resolvê-las?
8.
Procure conhecer os projetos que o
candidato ao legislativo, federal ou estadual, já apresentou ao longo de sua
trajetória, se já teve um ou mais mandatos. Estes projetos foram sensatos e
razoáveis? Eles representam o interesse comum ou apenas de um grupo? O
candidato está sintonizado com as grandes questões nacionais ou “pensa pequeno”?
9.
O seu candidato ao Legislativo Federal
apóia a reforma trabalhista? A reforma da previdência? A reforma tributária? A
reforma política? Que tipo de reforma ele apoia?
10. O
seu candidato é um “político profissional” ou possui outro meio de
subsistência? Há quantos anos ele está em algum mandato? Não seria hora de
mudar e buscar alguém novo? Ou ele ainda é merecedor de sua confiança?
11. Não
vote com o coração, mas com a razão. Não improvise a sua escolha, mas vá para a
urna com os candidatos já bem definidos, após prévio e sensato discernimento.
Veja as mulheres que são candidatas, procure valorizá-las, pois a sociedade
brasileira precisa delas na realidade política, tanto no executivo quanto no
legislativo.
12. Ao
votar, não se deixe levar pela opinião de outras pessoas. Não aceite que
condicionem e direcionem o seu voto. Seja você mesmo o que analisa e exercita
seu direito de escolha.
Votar é um direito e um dever. Embora não
seja a única solução, ele é um caminho indispensável para que a democracia se
solidifique. Votar bem é uma responsabilidade moral, pois sua escolha afetará,
bem ou mal, o conjunto da sociedade. Não use do voto para protestar, que ele
seja positivo e propositivo, fruto de uma avaliação crítica; assim, você estará
contribuindo para as soluções dos problemas da sociedade brasileira.
+Tomé Ferreira da
Silva
Bispo Diocesano de
São José do Rio Preto
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