Ocorre
na atualidade um desconhecimento da natureza do sacramento do matrimônio, da
paternidade e da família sob o ponto de vista cristão, tal como são
compreendidos pela Igreja Católica Apostólica Romana. Há uma pluralidade de
modos de união entre pessoas e que dão origem a múltiplas formas de núcleos de
convivência que se distanciam das propostas cristãs.
Segundo
a Sagrada Escritura e o ensinamento da Igreja, no projeto de Deus o homem e a
mulher existem um para o outro, para uma vida de comunhão de amor, para a
procriação e a educação da prole. Esta união é querida e abençoada por Deus. É
bom ser homem. É bom ser mulher. É boa a união de ambos, pois foram feitos um
para o outro. É bom ter e educar os filhos.
Nosso
Senhor Jesus Cristo elevou a união do homem e da mulher a sacramento, realidade
sagrada, sinal de sua união com o Povo de Deus. Esta união não se realiza de
qualquer modo, mas é uma vocação, vocação ao sacramento do matrimônio, que é o
modo “natural” para o católico iniciar um novo núcleo familiar. Buscar livre e
conscientemente o sacramento do matrimonio é passo seguro e estável para iniciar
uma família católica.
O
sacramento do matrimônio não deve ser improvisado pelos nubentes, mas ser
precedido por um bom tempo de namoro e razoável tempo de noivado, tempos
necessários de conhecimento, projeção e organização da vida em família.
Matrimônio não se realiza da noite para o dia e nem se experimenta antes da
bênção sacramental. No matrimônio a improvisação e a pressa são erros que comprometem
o futuro.
A
família cristã, constituída pelo pai, mãe e filhos, se inicia com o sacramento
do matrimônio. A família é a casa do amor, onde sendo amados, aprendemos a
amar. Como fiel guardiã do amor, a família garante às novas gerações a
genuinidade da caridade. O ligame dos elos familiares é o amor oblativo, tal
como contemplamos no Cristo crucificado que se entrega pelo Povo de Deus.
A
família é Igreja doméstica, primeiro espaço de vivência da dimensão comunitária
da fé, lugar de oração, reflexão e experiência dos mistérios da fé, escola da
escuta orante da Palavra de Deus. Nela vivemos o cuidado recíproco e aprendemos
a zelar uns dos outros, abrindo-nos à acolhida aos empobrecidos e a quantos
vivem na periferia existencial. A família é a natural transmissora e primeira
educadora da fé dos filhos e netos.
No
contexto da família, a paternidade é um dom e uma responsabilidade. É bom ser
pai, o homem não deve ter medo ou receio de ser pai. Ser pai é participar da
atividade criadora e educadora de Deus Pai. Para nós cristãos católicos a
paternidade deve ser vivida no contexto do sacramento do matrimônio e da
família bem constituída, pois ser pai não é só procriar, mas também educar e
transmitir valores humanos e cristãos.
Os
“pais solteiros” e os “pais divorciados” não devem e não podem abandonar os
seus filhos. Não basta e não é suficiente “pagar a pensão”, determinada pela
justiça civil. É preciso dar amor, ser amor para os filhos, estejam eles com
você ou não. Ser amor para os filhos é ser tempo para eles, deles cuidar
amorosamente, acompanhá-los nas diversas fases de suas vidas. Filhos são
prioridade antes de qualquer outra prioridade. Um pai não pode antepor nada ao
cuidado e atenção aos seus filhos.
A
semana nacional da família, de doze a dezoito de agosto, é uma ocasião oportuna
para recuperarmos o sentido e a natureza do sacramento do matrimônio e da
família cristã. Ser família, viver em família é bom e saudável. Sem família bem
constituída, não há sociedade estável e Igreja missionária. Deus abençoe as
nossas famílias!
+Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São
José do Rio Preto
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