“Felizes os que choram, porque
serão consolados”(Mt 5, 4).
O fenômeno da migração é antigo,
com causas diversas, naturais ou sociais, mas estamos assustados com as imagens
divulgadas nos últimos dias. Uma vez mais as mídias cumpriram o seu papel ao
mostrarem mundialmente o absurdo do fenômeno das atuais migrações, que não são
dos últimos dias, mas já ocorriam e não eram visibilizadas intensamente pela
imprensa. O Papa Francisco, tão logo iniciou o seu pontificado, fez e faz
questão de mostrar, com gestos e palavras, as condições desumanas das migrações
hodiernas.
Há dificuldades diversas para a
Europa, sobretudo, mas também para as Américas, acolherem bem e integrarem o
grande número de migrantes. Não há capacidade e condições ilimitadas para a
acolhida. Se de um lado o mundo precisa abrir-se para acolher os que buscam
viver, por outro lado, é preciso trabalhar para superar as causas que provocam
a migração em massa, como a que agora acontece.
Os fluxos migratórios
provenientes da África, Ásia e Oriente Médio, com destino à Europa, mas também
para as Américas, são provocados pela fome, questões políticas, guerra civil e
intolerância religiosa, entre outras causas. É preciso uma ação dos organismos
internacionais e das nações e seus governantes para ajudar a sanar “in loco”
estas causas que provocam as atuais ondas migratórias, assegurando às pessoas o
direito de viverem em seu país, com sua cultura, de modo digno e seguro.
Há um silêncio perturbador, ou
seria de cumplicidade, dos governantes e dos organismos internacionais que não
agem com vontade para promover a liberdade religiosa em todas as nações. Os
cristãos, em países da Ásia, África e Oriente Médio, estão sendo privados de
viverem e exprimirem publicamente sua fé; são espoliados, perseguidos,
obrigados a migrar ou levados à morte simplesmente pelo fato de serem amigos de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
No cenário internacional, tão
complexo, o Governo Brasileiro poderia fazer mais na defesa e promoção da
liberdade religiosa, também cobrando de alguns governantes ações efetivas que
protejam os cristãos, onde são minoria da população, assegurando-lhes os mesmos
direitos do conjunto da população local.
Entre nós, na Diocese de São José
do Rio Preto, embora não possua dados concretos, encontramos alguns migrantes
provenientes da Bolívia e do Haiti, ainda que em pequeno número, ao que me
parece. Na medida do possível, que proporcionemos a eles o que precisam para
viverem bem entre nós, com dignidade e segurança. Que sejam acolhidos como
irmãos na fé e sejamos misericordiosos.
Não esqueçamos a palavra de Nosso
Senhor Jesus Cristo: “Eu era forasteiro, e me recebestes em casa” (Mt 25, 35).
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP
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