
No Brasil, “Em 2012, foram
denunciados 109 casos de discriminação religiosa, conforme a Secretaria
Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Das 11.305 páginas de
redes sociais denunciadas, 494 apresentavam conteúdo de intolerância religiosa.
Esse é um dos crimes virtuais com maior número de denúncias”.
Não é incomum, também no Brasil,
sobretudo nas famílias, mas também em outros ambientes públicos e coletivos, a
pressão para que uma pessoa “se converta” para outra denominação
religiosa. Algumas famílias, formadas por
membros que participam de igrejas e religiões diferentes, passam por crises
diante da dificuldade da convivência com o diferente.
A Semana de Oração pela Unidade
Cristã, de 17 a 24 de maio, organizada no mundo pelo Conselho Pontifício para a
Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, e no Brasil pelo
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, que reúne a Igreja Católica Apostólica
Romana, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, e a Igreja
Presbiteriana Unida, tem o propósito de insistir “na pluralidade como algo
sonhado por Deus e no diálogo como caminho permanente para o testemunho
cristão.”
O lema proposto para a Semana de
Oração pela Unidade Cristã-2015, “Dá-nos um pouco da tua água”(Jo 4,7),
inspirado no encontro entre Jesus e a Samaritana, “leva em consideração o
diálogo entre duas pessoas: Jesus e a mulher e, entre culturas e religiões
diferentes: um judeu e uma samaritana. Trata-se de um encontro no qual uma pessoa
necessita da outra, em relação de complementaridade.”
No texto do evangelho de São João, capítulo 4, versículos 1-42, “o
estrangeiro é Jesus; chega cansado e com sede; ele precisa de ajuda e pede
água. A mulher está em sua terra, o poço é de seu povo, de sua tradição. Ela
tem o balde e primeiro acesso à água. Mas a mulher também tem sede. E Jesus não deixa de ser judeu ao beber da
água da Samaritana. A Samaritana adere ao projeto de Jesus, mas não deixa de
ser quem ela é. Quando se reconhece que existem necessidades recíprocas, a
complementaridade pode se dar de forma mais enriquecedora.”
“A frase ‘Dá-me um pouco da tua
água” pressupõe, portanto, tanto o pedido de Jesus, como o pedido da
Samaritana. Essa frase nos impulsiona a reconhecer que, enquanto pessoas,
comunidades, culturas, religiões e etnias, necessitamos uns dos outros, umas
das outras. Também temos necessidades recíprocas na relação ser humano e
natureza. A pluralidade deve ser reconhecida e apresentada como um patrimônio
da humanidade.”
“O pedido por água, feito por
Jesus à mulher samaritana, é também o testemunho ecumênico que oferecemos aos
irmãos e irmãs das muitas igrejas que anunciam a boa-nova de Jesus, nos mais
diferentes contextos do mundo. A fé em Jesus Cristo precisa expressar-se nessa
abertura para encontros e conversas. Não devemos ver no outro um inimigo ou uma
ameaça, mas sim, reconhecer nele uma expressão do amor de Deus.
Complementamo-nos e crescemos quando nos abrimos para estes encontros. Este é o
nosso testemunho ecumênico.”
“Em contextos de intolerância e
perseguições religiosas, colocamos diante das nossas Igrejas o desafio de fazer
a experiência do diálogo. Saiamos de nossas casas e até de nossos templos e
vamos ao encontro de nossos irmãos, irmãs, vizinhos e vizinhas. Ouçamos o que
eles ou elas têm a contar sobre sua fé, sua vida, suas experiências e dúvidas.
Celebremos juntos esta vivência plural do único amor de Deus!”
(Observação: as citações são
todas retiradas do subsídio oferecido pelo CONIC)
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP
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