
A memória e a celebração
litúrgica do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Divino Salvador,
nos propicia evocações natalinas que são fundamentais para a humanidade:
O anjo anuncia aos pastores, que
se encontravam no campo, nos arredores de Belém: “Não tenhais medo! Eu vos
anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade
de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc2, 10-11). O
Menino Jesus é homem como os homens, menos no pecado. Ao mesmo tempo, é
“diverso” dos homens, pois é Filho de Deus, como disse o anjo Gabriel a Nossa
Senhora: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de
Deus” (Lc1, 35). O nascimento que celebramos no Natal não é de uma pessoa como
as outras, mas o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Divino Salvador,
único e insubstituível.
“Os pastores foram às pressas a
Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc2,
16). Nas breves palavras deste versículo está registrada a Sagrada Família de
Nazaré: Jesus, Maria e José. Ao vir ao mundo, Deus desejou e preparou para si
uma família. Cada um de nós tem a sua família. E a nossa família, como foi a
Sagrada Família de Nazaré, é a casa do amor, onde somos amados e aprendemos a amar.
Vamos preservar, amar e estimular a família, tal como vem proposta pela Sagrada
Escritura: “ Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e
eles serão uma só carne.”(Gn2, 24). Uma família abençoada por Nosso Senhor
Jesus Cristo: “De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o
que Deus uniu, o homem não separe” (Mt19,6). O Natal é a festa da Sagrada
Família, uma festa a ser celebrada em família.
Em sonho, um anjo do Senhor diz a
São José: “Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele
vai salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). São José e Nossa Senhora
acolhem na fé e na alegria o filho que lhes é dado, filho que tem a missão de
salvar a humanidade do pecado. Para um casal, os filhos são uma bênção de Deus,
a realização de um dos fins do sacramento do matrimônio, a realização de um
desejo de Deus: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o
criou. Homem e mulher ele os criou. E Deus abençoou e lhes disse: ‘Sede
fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!’”(Gn 1, 27-28ª).
Trabalhemos para que nossas famílias estejam sempre abertas para acolher os
filhos. Façamos o impossível para que a vida nascente não seja extirpada. A
vida é dom de Deus, um dom a ser acolhido e cultivado em na família.
“Glória a Deus no mais alto dos
céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!” (Lc 2, 14). É este o canto
dos anjos depois do anúncio aos pastores do nascimento do Menino Jesus. A paz é
um dos grandes desejos do coração humano e da humanidade. Assistimos,
estarrecidos, o desenvolvimento da cultura da violência, que se exprime em
diversos níveis: pessoal, entre indivíduos, em família, entre grupos, povos e
nações. A violência, que brota do coração humano, desenvolve-se nas instituições
sociais e chega a ser estrutural, é a rejeição da paz que Nosso Senhor Jesus
Cristo veio trazer para a humanidade: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.
Não é à maneira do mundo que eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize o
vosso coração” (Jo 14,27). O Natal é a festa da paz, da paz que vem de Deus.
Vivamos o Natal em paz, pessoalmente, com os outros e em família. Que no tempo
do Natal cessem as guerras e a terra tenha um tempo de paz.
Diante do nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo, nossa atitude deve ser a de prostração e adoração, como
fizeram os magos: “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe
ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”(Mt2, 11). A adoração silenciosa é
a mais sublime e bela forma de oração, cala a voz, fala a pessoa através dos
seus gestos corporais, o silêncio torna-se um brado que fende o céu e chega a
Deus. Ajoelhemo-nos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, deixemos que ele seja
Deus em nossa vida, digamos sim e
deixemos que ele reine e seja Senhor em nós, e por nosso intermédio se
estabeleça o seu senhorio e o seu reinado de amor e paz no mundo.
Santo Natal! Que a alegria deste
tempo perdure ao longo do ano de 2015. Feliz ano novo!
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário