
Levados pelo embalo da sociedade,
os fiéis católicos correm o risco de entrarem nesta onda de antecipação do
Natal: confraternizações antecipadas de pastorais, movimentos e associações
religiosas; novena de Natal realizada antes dos dias próprios da novena, que
deveria começar no dia 15 ou 16 de dezembro; presépio construído e exposto de
modo completo durante o advento, quando
deveria estar completamente pronto e com luzes acesas somente na noite de 24 de
dezembro; missas de natal ainda durante os últimos dias do advento.
O Natal de Nosso Senhor Jesus
Cristo é uma solenidade litúrgica de fundamental importância para os Católicos
Apostólicos Romanos, memória do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, em
Belém: “Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o
recenseamento de toda a terra – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino
era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também
José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré,
na Galileia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com
Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do
parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o
numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 1-7).
A solenidade litúrgica do Natal
de Nosso Senhor Jesus Cristo é antecedida pelo “tempo do advento”, tempo
d’Aquele que está para vir, para chegar. Neste ano de 2014, o advento começa no
dia 30 de novembro. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um
tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira
vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio
desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do
Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o temo do Advento se apresenta
como um tempo de piedosa e alegre expectativa.”
É interessante observar algumas
orientações litúrgicas que revelam o sentido do Advento: “O órgão e os outros
instrumentos musicais devem usar-se, e o altar orna-se com flores, com aquela
moderação que convém ao caráter próprio deste tempo, de modo a não antecipar a
plena alegria do Natal do Senhor. (...) “.
Somente no dia 17 de dezembro
inicia-se a preparação próxima e explícita do Natal: “Os dias de semana deste
período visam de modo mais direto à preparação do Natal do Senhor”. Ao longo
desta semana, de modo progressivo e crescente, a culminar na noite do dia 24,
as igrejas e nossas casas devem revestir-se dos sinais próprios da solenidade
do Natal.
É preciso não confundir a “Missa
vespertina da Vigília do Natal”, a ser celebrada na tarde do dia 24, antes ou
depois das primeiras vésperas, com a “Missa da noite” (ou “Missa do galo”),
celebrada a meia noite; a “Missa da aurora”, celebrada na manhã do dia 25, com
a “Missa do dia”, celebrada no decorrer das outras horas do dia 25. Para cada
uma das celebrações há textos próprios, devendo ser celebradas nos horários
devidos, pois há um dinamismo próprio que une estas celebrações. Uma missa não
“substitui” a outra, pois cada uma tem uma “natureza” própria. O Dia de Natal é
dia santo de guarda. Os horários das Missas devem ser os de domingo, não se
deve suprimir nenhuma celebração, para o bem dos fiéis, ainda que tenha a presença
de poucos participantes.
“O Tempo do Natal se estende
desde as I Vésperas do Natal do Senhor até o Domingo após o dia 06 de janeiro.
É a comemoração do nascimento do Senhor, em que celebramos a ‘troca de dons
entre o céu e a terra’, pedindo que possamos ‘participar da divindade daquele
que uniu ao Pai a nossa humanidade’. Na Epifania, celebramos a manifestação de
Jesus Cristo, Filho de Deus, ‘luz para iluminar todos os povos no caminho da
salvação’.” O Tempo do Natal terminará no dia 11 de janeiro, com a festa do
Batismo do Senhor. No dia seguinte, desmontamos os presépios de nossas igrejas
e casas, guardando também os símbolos cristãos do Natal.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP
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