
Os ecologistas, de modo incisivo,
e os governos manifestam preocupação diante de fenômenos como desmatamento,
aquecimento global, exaustão do planeta terra, uso indiscriminado dos recursos
naturais, poluição ambiental e destruição de ecossistemas.
Alguns alarmistas, diante de um
cenário mundial pouco comprometido com a natureza, falam da “proximidade” do
fim da vida humana sobre a terra ou de sua possível destruição pela pessoa
humana, consequência do uso irracional e irresponsável dos recursos naturais e
do descuido generalizado com o planeta terra.
A ideia do “fim do mundo” não é
nova. Sempre aparece e reaparece ao longo da história. A própria filosofia,
através da cosmologia e da filosofia da história, acena para o fim de tudo o
que é criado, tudo tem começo, meio e fim, ou nasce, cresce e morre.
Na vida litúrgica da Igreja
Católica Apostólica Romana, nos aproximamos do “Tempo do Advento” que nos
predispõe para a celebração do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas que na
sua primeira parte, até dezessete de dezembro, nos convoca à vigilância diante
da certeza e da perspectiva da volta de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando
seremos glorificados como Ele, com a sua glória de Ressuscitado.
O tema dos últimos tempos e das
últimas realidades que aguardam a pessoa humana, de modo pessoal ou coletivo, na
teologia da Igreja Católica Apostólica Romana, é denominado de “escatologia”.
Na Sagrada Escritura, estas realidades são tratadas, muitas vezes, em estilo
apocalíptico, falando de convulsões naturais e sociais, de sofrimento e aflição
para a pessoa humana. A manifestação gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, no
fim dos tempos, é denominada de “parusia”.
Vejamos o que diz a Constituição
Pastoral “Gaudium et Spes”, no número trinta e nove, sobre o “fim do mundo”,
uma síntese da fé da Igreja Católica Apostólica Romana.
“Nós ignoramos o tempo da
consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira de transformação
do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas
aprendemos que Deus prepara morada nova e nova terra. Nela habita a justiça e
sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos da paz que sobem nos
corações dos homens. Então, vencida a morte, os filhos de Deus ressuscitarão em
Cristo, e o que foi semeado na fraqueza e na corrupção revestir-se-á de
incorrupção. Permanecerão o amor e sua obra e será libertada da servidão da
vaidade toda aquela criação que Deus fez para o homem.
Somos advertidos, com efeito, de
que não adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a si mesmo.
Contudo a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve impulsionar
a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra. Nela cresce o Corpo da nova
família humana que já pode apresentar algum esboço do novo século. Por isso,
ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do aumento do
Reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida
em que pode contribuir para organizar a sociedade humana.
Depois que propagarmos na terra,
no Espírito do Senhor e por Sua ordem, os valores da dignidade humana, da
comunidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e do
nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos contudo de toda
impureza, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino
eterno e universal: ‘reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça,
reino de justiça, de amor e de paz’. O Reino já está presente em mistério aqui
na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará.”
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do
Rio Preto/SP