Nosso Senhor Jesus Cristo se revela à mulher samaritana como fonte de água viva: “Quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”(Jo 4,14).
O encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo foi libertador para a mulher samaritana. Ela deixa o seu cântaro junto ao poço e vai à cidade falar aos seus conterrâneos do ocorrido com ela. O povo vai ao encontro do Salvador e crê n’Ele, e depois diz à samaritana: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo” (Jo 4, 42).
Ainda estamos assustados com o provável acidente com o avião que fazia o voo MH 370, da Malásia, provocando a possível morte de 239 pessoas. Falta uma palavra final sobre o que de fato ocorreu, diante de tantas possibilidades abertas. O fato nos coloca diante da contingência humana e da tecnologia. Não podemos e não sabemos tudo, somos limitados.
Fortíssima a imagem do corpo da senhora Cláudia sendo arrastado por 350 metros na cidade do Rio de Janeiro, fruto da violência, sempre repugnante, independentemente de sua origem. Ceifada a vida desta Senhora, uma família fica privada da presença, do amor e do cuidado de uma “matriarca”, isto é, de uma mulher forte, corajosa, empreendedora, segundo os depoimentos de seu esposo.
Em última instância, a origem do mal é sempre o pecado, pessoal ou social, alojado no coração do homem e da sociedade, muitas vezes consubstanciado em estruturas e organismos pecaminosos.
São iluminadoras para nós as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo dirigidas à mulher samaritana: “Está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, esses são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”( Jo 4, 23-24 ).
Diante de nossos limites e contingências, diante do pecado estrutural, como podemos viver nossa fé, isto é, adorar a Deus em espírito e verdade? A Campanha da Fraternidade de 2014, “Fraternidade e tráfico humano”, nos recorda que Nosso Senhor Jesus Cristo nos libertou: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Livres em Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo mistério da sua encarnação, morte e ressurreição, “possuidores” do seu Espírito , o Espírito Santo, podemos adorar a Deus com nossa vida, em espírito e verdade, superando as contingências pela fé e extirpando a violência de nossa vida pessoal e social.
Sem dúvida, o tráfico humano e de órgãos, são também expressões do pecado e da violência que ferem a dignidade dos filhos de Deus. Por outro lado, é um ato de amor, de caridade, doar livremente os órgãos, segundo os parâmetros éticos e morais, que possam ajudar outra pessoa a viver melhor.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.