Depois do susto do
anúncio do episcopado, dos transtornos para liberar-me das tarefas diocesanas
como padre, da correria da ordenação, cheguei em São
Paulo nos últimos dias de maio de 2005. Juntamente com Dom Joaquim
Justino Carreira, Dom Cláudio Cardeal Hummes, ofm, nos acolheu.
São Paulo não era desconhecida, freqüentava-a desde o fim da adolescência,
vinha embebedar-me de cultura, ao encontro das livrarias, dos museus, dos
cinemas e dos teatros. No entanto, naquele fim de maio, aqui chegava como bispo
auxiliar e para morar por tempo indeterminado.
Fui designado para
trabalhar como bispo auxiliar na Região Episcopal Ipiranga, uma das menores das
seis regiões episcopais da Arquidiocese. Deveria residir no bairro do Ipiranga,
o que de fato aconteceu: primeiro, na Casa São Paulo, na Xavier de Almeida;
depois, em um apartamento alugado na Agostinho Gomes; finalmente, em
apartamento adquirido pela Arquidiocese na Clemente Pereira.
Em 16 de setembro do ano
em curso, recebi a informação de que a Nunciatura Apostólica no Brasil transferia-me para a
Diocese de São José do Rio Preto, neste mesmo estado de São Paulo, e que teria
sessenta dias para efetuar a mudança. Acolhi na obediência da fé a missão que
me estava sendo confiada. Chegou a hora de partir.
São Paulo, cidade encantadora,
plural e bela, acolheu-me maternalmente, pródiga em propiciar-me anos de vida
intensa e prazeirosa. Não perdi tempo, embrenhei-me
pelas suas vísceras, sabendo que por aqui não ficaria por muito tempo. Valeu a pena,
saio profundamente agradecido.
Por São Paulo passarei
sempre, enquanto a vida me permitir, será meu “caminho da roça”
quando me deslocar para o Sul das Gerais em visita à família. Pretendo voltar
algumas vezes, ao menos, para fazer o que antes fazia, e que não foi possível
realizar nestes
anos: freqüentar as livrarias, os museus, os cinemas, os teatros e, agora,
abraçar os amigos.
Minha gratidão ao bairro
do Ipiranga, que acolheu também Madre Paulina, Madre Assunta, Padre Marchetti, espaço lindo e bom de se
viver, singelo e nobre, de gente culta, trabalhadora e de fé.
Será impossível esquecer
da beleza da Avenida Nazaré, do Museu Paulista e do Parque da Independência, do
burburinho da Silva Bueno, do restaurante do Magrão,
do Convento da Madre Paulina, da beleza da Igreja São José, do Instituto Padre
Chico, da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora, entre tantas outras realidades
belas e boas.
Na lembrança, permanecerá
o canto dos sabiás, o cheiro de panetone que perfumava o ar nas
madrugadas do segundo semestre, até um ano atrás, das pitangueiras,
abacateiros, amoreiras, bananeiras, romanzeiras,
todas espalhadas folgadamente pelas calçadas.
Gratidão ao Senhor
Domingos Dissei pela amizade e relação fraterna, bem
como pela iniciativa em viabilizar na Câmara Municipal o título a mim concedido
de cidadão paulistano. Reconheço o bem que fez pelas nossas igrejas, enquanto
vereador. Deus lhe pague e o proteja em sua nova vida.
Meu reconhecimento e
gratidão imorredouros ao Senhor Matteo Buccoleri, por permitir-me, semanalmente, conversar com
vocês através do Jornal O Patriota. Escrever esta crônica semanal foi um
aprendizado, um aprender a olhar, a sentir e expressar realidades tão próximas
e tão caras.
No próximo dia 16 de
novembro inicio minha missão na Diocese de São José do Rio Preto, com a Santa
Missa, as 19h00, na Catedral de São José. Convido-os a celebrarem-na comigo. Doravante,
quando curvar-me em oração, saibam que estarão no meu coração. Muito obrigado!
Deus lhes pague!
+ Tomé Ferreira da Silva.
Bispo Auxiliar de São
Paulo.
Dom Tomé, que lindas palavras de amor e reconhecimento à cidade que o acolheu com tanto carinho! Sente-se, ao ler seu texto,o quanto o Ipiranga cativou seu coração. Essa relação me lembrou Saint-Exupéry "Tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas!"
ResponderExcluirAs bençãos de Deus sobre a nova missão!
Um forte braço do Giovani, dos nossos filhos e meu.