Somos uma Igreja
ministerial, com ministros ordenados, bispos, padres e diáconos, e ministros
não ordenados, alguns instituídos extraordinariamente, com tempo determinado,
ao interno da vida eclesial. Mas não é tudo, temos ministérios suscitados pelo
Espírito Santo, em resposta aos sinais dos tempos, que devem ser cultivados
para a vida do mundo e para o bem da sociedade.
No Brasil, a Igreja é
ágil em perceber os sinais dos tempos, interpretá-los e procurar responder a eles
com propostas pastorais específicas, o que acaba por suscitar estruturas que
exigem pessoas qualificadas para a sua viabilização.
Mudam-se os tempos e as
necessidades, e a Igreja, ao que me parece, não tem tido a mesma agilidade para
realizar alterações substanciais na sua ação pastoral. Tendo produzido tantas
estruturas pastorais, acumuladas ao longo dos anos, algumas caducas, outras
tendo como alvo o mesmo público, com escassez de pessoas para o trabalho, vê-se
a Igreja compelida a pensar a conversão pastoral também em termos de
simplicidade, o que exige coragem para colocar ponto final em algumas
experiências que perderam a sua razão de ser.
A falta de pessoas
qualificadas para trabalhos específicos, ao interno da Igreja, é decorrência da
diminuição significativa do número de fiéis, mas também da falta de
identificação dos fiéis leigos com as propostas realizadas pelos ministros
ordenados. Às vezes, a não identificação não é tanto com a natureza do trabalho
ou do ministério, mas com o modo como as questões são encaminhadas no dia a
dia, em outras palavras, “falta de profissionalismo”, no bom
sentido da expressão, pois muitas vezes somos pedantes, cheios de boa vontade,
mas faltam-nos elementos que conduzam à eficiência da ação, ausências
elementares como de inicio, meio e fim de cada trabalho, falta de objetividade
e de compreensão da natureza da vida, que é sempre diferente do que é pensado
nos escritórios pastorais.
Acredito que não faltam
leigos para os ministérios ao interno da Igreja, ordenados ou não, ordinários
ou extraordinários, mas sim vivemos um tempo, pelas razões acima especificadas,
de dispersão de forças.
Para a formação da
família como Igreja Doméstica, para o exercício da vida profissional como
cristão, para a ação incisiva nas redes e estruturas sociais, temos sim falta
de pessoas disponíveis e preparadas. “Jesus Cristo estará na sociedade se
nós estivermos lá.” Com a nossa ausência, aumenta não só a distância
entre os construtores da sociedade e a instituição eclesial, mas o que é mais
grave, o mundo
e suas estruturas vão sendo privadas da iluminação da fé e deixam de apontar
para o Mistério do Reino de Deus.
Tenho receio, e sou
suspeito para afirmar, mas temo que vai-se fortalecendo
uma distância entre as propostas dos ministros ordenados, a aspiração dos fiéis
e as necessidades de um mundo renovado pela graça de Deus. Numa linguagem
usual, cresce a distância entre a oferta e a procura, o que oferecemos não é acolhido e não
respondemos à procura. Para superar esta realidade é preciso cultivar a unidade
dos filhos de Deus, de todos os fiéis, uma unidade existencial, suscitada pela
graça de Jesus Cristo.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Auxiliar de São
Paulo.
Precisamos crescer na fé e ser mais participativo na evangelização, pois somos em grande maioria católicos de boca sem ao menos conhecer a igreja do bairro onde moramos.
ResponderExcluirsou leigo e quero ser fiel em algum serviço da igreja.
Parabéns Dom Tomé!!!
ResponderExcluirMuito bom texto, gostei da forma clara que o sr. demonstra uma realidade sem tampar o sol com a peneira.
Suas palavras são de um bom lider!portanto não tenha receio; se mais lideres, tiverem a sua mesma visão e colocarem em pratica novas atitudes, os resultados serão visíveis.
Graça e Paz!!!