Gosto muito do título dado à solenidade de
primeiro de janeiro: Santa Maria, Mãe de Deus. Não é comum, na liturgia ou na
piedade popular, chamar Nossa Senhora de Santa Maria. Lembrar a santidade de
Nossa Senhora através de seu nome, Maria, é de uma singularidade ímpar,
recorda-me a sua humanidade santificada, como ocorre com os outros santos em
nossa Igreja. Faz-me voltar à singeleza, silêncio, sobriedade e vida de trabalho
em Nazaré. Neste contexto, a santidade de Maria e a santidade de José são
expressões da santificação do ordinário vivido à luz da extraordinariedade da graça santificante de Deus que irrompe
para nós na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O nome da Santa Mãe de Deus, Maria, é muito
presente na designação das pessoas em nossas famílias. É incontável o número de
mulheres que recebem o nome de Maria, ou alguma flexão dele. É também usado como
segundo nome em alguns homens. O mesmo nome, ou com algumas variações, é usado
para designar algumas cidades. São inúmeras as músicas sacras e profanas
compostas a partir da pessoa de Santa Maria, ou dedicadas a ela. O nome da Santa
Mãe de Deus, Maria, está presente na vida das pessoas e da sociedade, não só na vida
da Igreja enquanto instituição.
A Maternidade Divina de Maria é um dogma de
fé. “O título de Mãe de Deus exprime a missão de Maria na história da salvação,
que está na base do culto e da devoção do povo cristão, uma vez que Maria não
recebeu o dom de Deus só para si, mas para levá-lo ao mundo (...) Nós honramos
Maria sempre Virgem, solenemente proclamada santíssima Mãe de Deus pelo Concílio
de Éfeso, para que Cristo fosse reconhecido, em
sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do Homem”. Não é sem razão
que as duas primeiras invocações da Ladainha de Nossa Senhora recordam Nossa
Senhora invocando-a como Santa Maria e Santa Mãe de Deus.
“É em nome de Maria, mãe de Deus e mãe dos
homens, que se celebra no mundo inteiro o ‘dia da paz’; aquela paz que Maria,
uma de nós, encontrou no abraço infinito do amor divino; aquela paz que Jesus
veio trazer aos homens que creram no amor. Em sentido bíblico, a paz é o dom
messiânico por excelência, é a salvação trazida por Jesus, é a nossa
reconciliação e pacificação com Deus. É também um valor humano a ser realizado
no plano social e político, mas lança raízes no mistério de
Cristo”.
No desejo da confraternização universal,
devemos lembrar as palavras do Papa Paulo VI em seu discurso à ONU, em 04 de
outubro de 1965: “ A paz, a paz deve guiar o destino
dos povos e da humanidade toda! Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas de
vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas em punho”. Não devemos
esquecer as palavras de John Kennedy: “ A humanidade
deve pôr fim à guerra, ou a guerra porá fim à humanidade”.
Desejo-lhe, sob a proteção de Santa Maria,
Mãe de Deus, um ano abençoado. Que seja um tempo de paz e fraternidade para você
e para os que são destinatários do seu amor.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Auxiliar de São Paulo
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