A crise que assola o mundo,
manifestando-se no mercado de trabalho e na economia, encontra a sua raiz em
uma crise mais profunda de ordem cultural e antropológica. Os jovens podem
oferecer um precioso contributo para a superação desta crise e a renovação da
esperança, desde que sejam educados para uma cultura da justiça e da paz, o que
é missão conjunta da família, das instituições de educação, dos meios de
comunicação social e do Estado .
“Educar – na sua etmologia latina
‘educere’ – significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade,
rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do
encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem.”
A educação do jovem para a justiça
e a paz pressupõe a educação para a verdade e a liberdade. “O autêntico
desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em
todas as suas dimensões, incluindo a transcendente, e que não se pode
sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele econômico ou
social, individual ou coletivo”. “O homem é um ser relacional, que vive em
relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode
jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele”. “O exercício da liberdade está
intimamente ligado com a lei moral natural, que tem caráter universal, exprime
a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres
fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as
pessoas.”
“Felizes os que têm fome e sede
de justiça, porque serão saciados”(Mt 5,6). Não se trata da justiça fruto de
uma convenção humana ou contratualista, mas de uma justiça fundada na
identidade da pessoa humana capaz de abrir-se para a solidariedade, o amor, a
misericórdia e a comunhão, o que é pressuposto para “relações justas com Deus,
consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.”
“Felizes os pacificadores, porque
serão chamados filhos de Deus”(Mt 5,9). A paz está vinculada à justiça e à
caridade. Ela é dom de Deus. Jesus Cristo é a nossa paz! A paz é também “obra a
ser construída”, o que exige uma educação para “a compaixão, a solidariedade, a
colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em
despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a
importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de
promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução
dos conflitos”.
O Papa encerra a mensagem fazendo
um convite, sobretudo aos jovens, para levantar os olhos para Deus: “Não são as
ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que
é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom
e verdadeiro (...), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é
justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno.” A paz não é já realizada, mas uma
meta a ser buscada por todos, o que exige esperança, ânimo, trabalho comum e
corresponsabilidade.
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Auxiliar de São Paulo
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