HOMILIA NA CELEBRAÇÃO DOS 250 ANOS DE FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA ESCOLA DAS IRMÃS DA PROVIDÊNCIA DE GAP.
APARECIDA, 22 DE NOVEMBRO DE 2011.
MEMÓRIA DE SANTA CECÍLIA.
INTRODUÇÃO:
Caro filho, querida filha! Como é
bom nos encontrarmos no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Deus e
nossa. Ela nos acolhe terna e maternalmente, permitindo-nos experimentar no seu
amor o cuidado de Deus, sensível para nós na pessoa de Nosso Senhor Jesus
Cristo, que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo
13,1).
Recordamos hoje a memória
litúrgica de Santa Cecília, cuja virgindade foi consagrada pelo martírio, que
viveu nos primeiros séculos do cristianismo. É a padroeira dos músicos.
Acolhendo cada peregrino e
romaria que se encontra no Santuário, acolhemos a Congregação das Irmãs da
Providência de Gap, que celebra os 250 anos do envio da primeira irmã, chamada
Margarida Lecomte, pelo fundador, Beato João Martinho Moye, a iniciar a missão
da Congregação, então nascente, no ano de 1762, indo para Vigy, na França, para
viver unicamente confiada na Providência de Deus e educar as crianças
empobrecidas. São 250 anos da fundação da primeira escola.
1ª LEITURA
A leitura que ouvimos da Profecia
de Daniel é uma palavra de ânimo ao Povo de Deus que se encontrava em tempo de perseguição e
sofrimento. Ela deseja suscitar a esperança em tempos melhores.
A sucessão e a destruição dos
reinos que dominam sobre o Povo de Deus, o babilônico, o medo-persa, o de
Alexandre e o dos Selêucidas de Antioquia, mostra que Deus é o único Senhor e
Juiz da história. Os reinos serão absorvidos pelo Reino de Deus, que não será
destruído.
EVANGELHO
No evangelho Nosso Senhor Jesus
Cristo fala de um tempo exigente para os cristãos marcado pela destruição do templo de Jerusalém,
pelo aparecimento de falsos profetas, pela ocorrência de guerras sangrentas e
grandes tragédias naturais.
MEDITAÇÃO
O Reino que será instaurado por
Deus, segundo o profeta Daniel, e que invocamos quando rezamos o Pai Nosso,
“Venha a nós o Vosso Reino”, nós o encontramos em Nosso Senhor Jesus Cristo, a
pedra rejeitada, mas que se tornou a pedra fundamental sobre a qual se ergue o
edifício da Igreja, sinal do Reino de Deus no mundo e na história. “A pedra que
os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi
feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos” ( Mt 21, 42 ).
O hino da oração da manhã, deste
domingo passado, dirigindo-se a Nosso Senhor Jesus Cristo dizia assim: “Da raça
humana cabeça, sois duma Virgem a flor, pedra que, vindo do monte, a terra
inteira ocupou”.
Nossa realidade não se distancia
muito daquela descrita pelo Profeta Daniel e por Jesus Cristo, no evangelho de
hoje: são muitos os governos marcados pela tirania e que provocam sofrimento
para o povo que continuamente são substituídos; lugares sagrados são destruídos
ou vendidos; as guerras e guerrilhas parecem não ter fim; as convulsões da
natureza ainda trazem destruição; os falsos profetas são abundantes e operosos.
Analisando a situação do mundo
hoje, as vezes temos a impressão da prevalência do mal sobre o bem. Este é o
nosso tempo, o tempo da Igreja, que devemos viver na fé em Jesus Cristo, na
esperança da vinda plena do Reino de Deus, no amor a Deus e ao próximo.
Não esqueçamos que o joio cresce
com o trigo, como explica Nosso Senhor Jesus Cristo na parábola: “ Deixai
crescer o joio e o trigo até a colheita. No momento da colheita, direi aos que
cortam o trigo: retirai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser
queimado! O trigo, porém, guardai-o no meu celeiro” ( Mt 13, 30 ). Por isso,
“Quanto mais obscuro e incerto for o hoje, tanto mais a fé nos faz voltar a
Deus, que guia a história”.
Igualmente, não percamos de vista
que o templo de Deus é, em primeira instância, o coração do Filho Nosso Senhor
Jesus Cristo. “E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua
glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e de
verdade” (Jo 1, 14).
A partir da obra redentora de
Nosso Senhor Jesus Cristo o templo verdadeiro é o coração de cada fiel que
acolhe a Deus e se deixa guiar por Ele: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra; meu Pai o amará, e nós viremos
e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23).
CONCLUSÃO
Rendemos graças a Deus pela
Congregação das Irmãs da Providência de Gap, presentes no Brasil, com duas
províncias, com sedes em Itajubá, MG, e São Paulo, na capital. Elas constituem
um dos bons frutos, entre muitos outros, surgidos pela obra incansável do Beato
João Martinho Moye e, de certo modo, de Irmã Margarida Lecomte, operária da
primeira hora.
Os 53 anos vividos por Irmã
Margarida Lecomte em Vigy, e as peregrinações missionárias do Beato João
Martinho Moye pela França, China e Alemanha, são um convite para que as suas
filhas, continuadoras do carisma, saibam hoje aliar a dimensão missionária da
fé e da congregação à estabilidade do amor fiel capaz de transformar as pessoas
e a sociedade. Que o legado deixado por eles possa ser primorosamente cultivado
e passado para outras gerações, para o bem do Povo de Deus.
Na expectativa do advento que se
aproxima, que Nossa Senhora Aparecida, Santa Cecília, e o Beato João Martinho
Moye nos ajudem a viver os próximos dias com o coração voltado para o alto,
clamando “Maranathá! Vem Senhor Jesus!”.
Enquanto isso, louvamos e
exaltamos o Senhor rezando: “Vós, todas as obras do Senhor, bendizei o Senhor:
anjos do Senhor, bendizei o Senhor. Ó céus, bendizei o Senhor: E vós, todas as
águas acima dos céus, bendizei o Senhor. Vós, todas as potências, bendizei o Senhor”
(Dn 3, 57-61).
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Auxiliar de São Paulo
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